Na última semana tivemos: feriado, dia dos namorados, aniversário de tia, dia de santo antônio, parada gay, enfim, muitas comemorações e consequentemente muitas festas.
Diante desse panorama, ouvindo daqui, observando dali, percebi como as festas seguem o modelo de uma antiga psicopatologia chamada Histeria.
A Histeria foi a grande colaboradora de Freud no desenvolvimento da Psicanálise. Foi a partir dos estudos das mulheres consideradas afetadas por essa psicopatologia que ele desenvolveu toda sua brilhante teoria.
Num breve e sintético descritivo, podemos pensar que a Histeria traz um "padrão": a relação com o corpo junto com uma dimensão adicional, a insatisfação.
É um dar-se a ver, uma dramatização, mas que deve evidenciar que ali algo está incompleto, faltante.
Os sintomas dos histéricos fazem sentido na medida em que são a expressão lógica de um trauma psíquico. Esse trauma tem ligação com os impulsos libidinais que haviam sido reprimidos desde a infância. No final do século XIX, a cura deveria considerar o caráter catártico, ou seja, uma descarga emocional que trouxesse a revivência de uma lembrança e da expressão desse trauma, numa narrativa, no contexto de uma relação terapêutica.
Passada essa fase, vamos pensar agora numa festa, seja ela de que tipo for: aniversário, casamento, reunião de amigos, balada, enfim, qualquer festa pede planejamento, tudo pensado e planejado para encenar um momento de felicidade.
O anfitrião pensa em tudo, mas, de uma forma bem obscura, esquece algo que na hora H não terá a mínima importância, mas vai ser o grande assunto, ou seja, aquilo que faltou, será evidenciado, comentado e usado como bode expiatório de qualquer insatisfação que a festa gere.
Os convidados se preparam, figurino de acordo com a impressão que querem causar e adequado à ocasião da festa.
Durante a festa, papo vai, papo vem e claro, os assuntos mais interessantes e que permanecem por muito tempo nas bocas recheadas de comida e bebida: quem NÃO veio, o que NÃO teve, porque NÃO foi.
Tem música, dança, risadas, papos intensos, tudo levando a momentos de catarse, de descarga de energia, de alívio das tensões. Fora os romances, os flertes que sempre acontecem e são um dos principais termômetros para a avaliação do evento: se rolou, "foi demais!!!", se não rolou, "tava boa, mas..."
Enfim, é um grande momento de alegria, de diversão, de esquecer o que se era antes ou o que se voltará a ser depois, é um momento encantado, de fantasia e deslumbramento, mas que a todo momento incita a falta, leva àquilo que não está ali, que angustia por confirmar que não dá pra esconder o que não existe.
Hoje é sexta-feira, dia de Vênus, dia de festa, dia de romance... Ai, ai, ai, juízo!
Um comentário:
Tá! Agora me diz onde vai ser a festa!? :)
Postar um comentário