sexta-feira, 31 de julho de 2009
Tô atrasada!!!!!
Bom, abandonei o blog de novo... ai, ai, ai!
Pensando nisso: no abandono, no atraso, no Tempo... resolvi, ao invés de falar de Cronos - aquele mito repressor e cobrador, representante do correr incessante da vida - vou aproveitar o momento "Alice" do Tim Burton que circula na internet e falar do "Coelho do Tempo".
Muitas análises da obra de Lewis Carroll - "Alice no País das Maravilhas" - já foram feitas. Muitas falam da questão do tempo, da passagem da criança para a adolescência, das mudanças no corpo e mente, das incertezas e surpresas do caminho da vida de um ser humano no reencontro com as suas pulsões.
Curiosamente, é esse coelho que tá sempre atrasado, conferindo seu belo relógio constantemente, que desperta em Alice a curiosidade de adentrar na sua toca e descobrir tudo que está muito escondido, além das aparências, além do mundo banal.
Mas afinal, será que esse simpático Coelhinho - na versão da Disney, porque sabemos que com Tim Burton nada é tão 'bonitinho" ou 'de boa fé' - estava prevendo as demandas da sociedade do século XXI, onde crianças se sentem atrasadas no seu crescimento, aproveitam pouco da magia e amedrontamento das experiências da pré-maturidade?
Bom, pode ser... Mas vale lembrar, criançada: o Coelho tava atrasado para seu encontro com Rainha de Copas - mulher tirana que amedrontava a todos com a famosa frase "CORTEM-LHE A CABEÇA", sem nenhuma justificativa coerente. Ou seja, você pode perder a cabeça, sem que saiba o porquê.
Coisa semelhante acontece aos nossos processos emocionais e inconscientes, afinal, as ocorrências da vida não se explicam, apenas ordenam o presente e o futuro.
Nas fases da vida, chegar cedo demais, ou tarde demais, faz você perder a "cabeça", deixar de pensar, refletir, meditar, elaborar, e ainda pode sofrer as afecções de ter uma imagem sem história, sem símbolo, sem essência.
Alice resolveu embarcar na aventura, querendo entender de que Tempo aquele Coelho falava, qual era a História dele e com isso constituiu a sua própria História.
Bom, links e mais links na internet nos mostram Imagens do novo filme do Tim Burton, da antiga animação da Disney (que faz parte da vida de toda criança) e ainda da visão de vários artistas sobre esse personagem intrigante e instigante.
Diante do novo filme sabemos que:
1 - Vamos comparar com a animação da Disney;
2 - Vamos querer encontrar tudo que os livros do L. Carroll tinham;
3 - Vamos ficar afetados pelas loururas, diabruras, aberrações e alucinações que só o Tim Burton consegue nos proporcionar.
Sem dúvida, essa é a versão do século XXI, sem tantas ilusões de um mundo de fadas. Mas certamente uma marca importantíssima no encontro das nossas pulsões mais agressivas e amedrontadoras.
Tim Burton é o contador do nosso Tempo, ele pega aquilo que outrora prometia um mundo bom e justo e subverte para o mundo anímico de paixões e agressões, que hoje estamos proibidos de viver no devaneio, mas podemos atuar na vida real.
Ler "Alice" é embarcar numa divertida alucinação. É recomendado para os dias frios, quentes, úmidos ou secos. Mas, não deixe de viver essa mágica e fascinante experiência e certamente viverá inspirado pelo resto da vida, lembrando que bela aventura todos podemos fazer com nosso manancial interno e criativo.
É isso!
PS - e pra quem não lembra da marchinha tipicamente brasileira: "coelhinho, se eu fosse como tu... tirava a mão do bolso e enfiava a mão no... coelhinho.."hahahahah
quinta-feira, 2 de julho de 2009
Mob da Solidão Coletiva
Na próxima semana acontecerá um flash mob, ação coletiva que chama a atenção pelo que traz como sintoma cultural.
Flash Mobs são aglomerações instantâneas de pessoas em um local público, para realizar determinada ação inusitada, previamente combinada, após o que, as pessoas se dispersam tão rapidamente quanto se reuniram. A expressão geralmente se aplica a reuniões organizadas através de e-mails ou dos meios de comunicação social. (WKP)
Originalmente esse tipo de manifestação tinha um caráter político de protesto em relação aos sistemas de governo. Hoje, organizados fundamentalmente no mundo virtual da internet, eles se organizam num movimento político, menos interessado em protestos visando o status governamental, e mais focado em situações sociais que se reapropriam de pontos da cidade que já perderam seu caráter de palco da pólis.
Ainda nesse caminho, mas seguindo um pouco mais para o aspecto das relações virtuais, vi o seguinte comentário do meu querido artista Binho Miranda:
O ser humano vive em grupo. Desde que nasce, precisa do outro para sobreviver. Mais do que isso, entende a si mesmo a partir de um lugar onde possa estabelecer algum tipo de vínculo e saber sobre si.
No mundo virtual, espaço infinito, ilimitado, pleno e sem registro de falta - afinal é o todo e o tudo - vejo nas comunidades virtuais essa delimitação tão necessária para que o sujeito se entenda um ser. Para que esteja em, com, de.
Apesar das distinções entre comunidades como orkut, facebook, twitter, blogs, algo unifica tudo isso, é um lugar onde se mostram as subjetividades, onde o sujeito aparece, estabelece seus contatos sociais e pessoais.
Muito se falou da solidão e das máscaras que essa nova mídia traria. Hoje, vemos claramente que a internet nada mais é do que o veículo dos contatos, dos acordos, das visualizações. É de união na solidão da individualidade.
A inteligência humana sempre se move para adaptar a natureza e suas criações para o caminho de assemelhamento a ele, e eis que a internet voltou a ser a mesma coisa que aquelas velhas histórias do campo (brasileiro ou não), onde as pessoas se conheciam, mostravam aquilo que era possível no social, criavam modelos de relações e guardavam segredos, nem tão secretos, para gerar fofoca.
É só através dessa limitação a um lugar na internet, a comunidade virtual, que as pessoas encontram um novo jeito e um novo motivo para se mobilizar, para se organizar, para agir e se diferenciar.
No entanto, esse Mob da Solidão Coletiva vem com outro objetivo. Não é uma manifestação pura e simples, que visa criticar algo ou simplesmente fazer algo que poderá ser lido criticamente. Ela vem como "assunto" para a televisão, essa grande abocanhadora da criatividade humana. Os homens criam, reorganizam, fazem, estabelecem novos parâmetros sociais, políticos, coletivos. E, nosso maior e mais poderoso meio de comunicação vem, pega aquilo que é algo fundamental para o estabelecimento de subjetividades e transforma em novos mitos a serem seguidos, desejados. Ela transforma tudo que vem para um apaziguamento da falta do ser em gerador de falta para o ser.
Tudo que aconteceria de forma impulsiva, imediata, numa das poucas possibilidades de transgressão, passa agora para a regulamentação que é exigida por ter uma lente invasiva da individualidade produzindo massificação.
Apesar da crítica, apoio a ação, especialmente pelo carinho que tenho pelos organizadores, pelos produtores. Infelizmente o meio é assim e ainda exigirá muita reflexão para soltarmos as amarras que ele nos atou.
Seguem mais informações sobre o acontecimento, que, independente de ter câmera ou não, traz a sensação de poder ocupar um lugar público, sem um objetivo maior, apenas a sensação de estar em.
Quem quiser experimentar, é só aparecer:
MOB_Brasil é um novo programa de TV que estréia 30 de julho no Multishow.
Nele, 5 jovens recebem um tema para criar uma intervenção urbana. Ela vai acontecer no espaço público, ou seja, é aberta para participação de todos.
O programa é apresentado pela @didiwagner e tem consultoria artística do Coletivo Bijari.
O episódio de estréia tem como tema a Solidão e a intervenção será uma dança de óculos escuros.
Data: 8 de julho, quarta-feira
Horário: 14h
Local: Estação da Luz
http://mobdasolidaocoletiva.wordpress.com/
Estão todos convidados!
Flash Mobs são aglomerações instantâneas de pessoas em um local público, para realizar determinada ação inusitada, previamente combinada, após o que, as pessoas se dispersam tão rapidamente quanto se reuniram. A expressão geralmente se aplica a reuniões organizadas através de e-mails ou dos meios de comunicação social. (WKP)
Originalmente esse tipo de manifestação tinha um caráter político de protesto em relação aos sistemas de governo. Hoje, organizados fundamentalmente no mundo virtual da internet, eles se organizam num movimento político, menos interessado em protestos visando o status governamental, e mais focado em situações sociais que se reapropriam de pontos da cidade que já perderam seu caráter de palco da pólis.
Ainda nesse caminho, mas seguindo um pouco mais para o aspecto das relações virtuais, vi o seguinte comentário do meu querido artista Binho Miranda:
Nao publico nada no twitter, mesmo assim sou seguido. Brasileiro adora fila.
O ser humano vive em grupo. Desde que nasce, precisa do outro para sobreviver. Mais do que isso, entende a si mesmo a partir de um lugar onde possa estabelecer algum tipo de vínculo e saber sobre si.
No mundo virtual, espaço infinito, ilimitado, pleno e sem registro de falta - afinal é o todo e o tudo - vejo nas comunidades virtuais essa delimitação tão necessária para que o sujeito se entenda um ser. Para que esteja em, com, de.
Apesar das distinções entre comunidades como orkut, facebook, twitter, blogs, algo unifica tudo isso, é um lugar onde se mostram as subjetividades, onde o sujeito aparece, estabelece seus contatos sociais e pessoais.
Muito se falou da solidão e das máscaras que essa nova mídia traria. Hoje, vemos claramente que a internet nada mais é do que o veículo dos contatos, dos acordos, das visualizações. É de união na solidão da individualidade.
A inteligência humana sempre se move para adaptar a natureza e suas criações para o caminho de assemelhamento a ele, e eis que a internet voltou a ser a mesma coisa que aquelas velhas histórias do campo (brasileiro ou não), onde as pessoas se conheciam, mostravam aquilo que era possível no social, criavam modelos de relações e guardavam segredos, nem tão secretos, para gerar fofoca.
É só através dessa limitação a um lugar na internet, a comunidade virtual, que as pessoas encontram um novo jeito e um novo motivo para se mobilizar, para se organizar, para agir e se diferenciar.
No entanto, esse Mob da Solidão Coletiva vem com outro objetivo. Não é uma manifestação pura e simples, que visa criticar algo ou simplesmente fazer algo que poderá ser lido criticamente. Ela vem como "assunto" para a televisão, essa grande abocanhadora da criatividade humana. Os homens criam, reorganizam, fazem, estabelecem novos parâmetros sociais, políticos, coletivos. E, nosso maior e mais poderoso meio de comunicação vem, pega aquilo que é algo fundamental para o estabelecimento de subjetividades e transforma em novos mitos a serem seguidos, desejados. Ela transforma tudo que vem para um apaziguamento da falta do ser em gerador de falta para o ser.
Tudo que aconteceria de forma impulsiva, imediata, numa das poucas possibilidades de transgressão, passa agora para a regulamentação que é exigida por ter uma lente invasiva da individualidade produzindo massificação.
Apesar da crítica, apoio a ação, especialmente pelo carinho que tenho pelos organizadores, pelos produtores. Infelizmente o meio é assim e ainda exigirá muita reflexão para soltarmos as amarras que ele nos atou.
Seguem mais informações sobre o acontecimento, que, independente de ter câmera ou não, traz a sensação de poder ocupar um lugar público, sem um objetivo maior, apenas a sensação de estar em.
Quem quiser experimentar, é só aparecer:
MOB_Brasil é um novo programa de TV que estréia 30 de julho no Multishow.
Nele, 5 jovens recebem um tema para criar uma intervenção urbana. Ela vai acontecer no espaço público, ou seja, é aberta para participação de todos.
O programa é apresentado pela @didiwagner e tem consultoria artística do Coletivo Bijari.
O episódio de estréia tem como tema a Solidão e a intervenção será uma dança de óculos escuros.
Data: 8 de julho, quarta-feira
Horário: 14h
Local: Estação da Luz
http://mobdasolidaocoletiva.wordpress.com/
Estão todos convidados!
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