Bom, abandonei o blog de novo... ai, ai, ai!
Pensando nisso: no abandono, no atraso, no Tempo... resolvi, ao invés de falar de Cronos - aquele mito repressor e cobrador, representante do correr incessante da vida - vou aproveitar o momento "Alice" do Tim Burton que circula na internet e falar do "Coelho do Tempo".
Muitas análises da obra de Lewis Carroll - "Alice no País das Maravilhas" - já foram feitas. Muitas falam da questão do tempo, da passagem da criança para a adolescência, das mudanças no corpo e mente, das incertezas e surpresas do caminho da vida de um ser humano no reencontro com as suas pulsões.
Curiosamente, é esse coelho que tá sempre atrasado, conferindo seu belo relógio constantemente, que desperta em Alice a curiosidade de adentrar na sua toca e descobrir tudo que está muito escondido, além das aparências, além do mundo banal.
Mas afinal, será que esse simpático Coelhinho - na versão da Disney, porque sabemos que com Tim Burton nada é tão 'bonitinho" ou 'de boa fé' - estava prevendo as demandas da sociedade do século XXI, onde crianças se sentem atrasadas no seu crescimento, aproveitam pouco da magia e amedrontamento das experiências da pré-maturidade?
Bom, pode ser... Mas vale lembrar, criançada: o Coelho tava atrasado para seu encontro com Rainha de Copas - mulher tirana que amedrontava a todos com a famosa frase "CORTEM-LHE A CABEÇA", sem nenhuma justificativa coerente. Ou seja, você pode perder a cabeça, sem que saiba o porquê.
Coisa semelhante acontece aos nossos processos emocionais e inconscientes, afinal, as ocorrências da vida não se explicam, apenas ordenam o presente e o futuro.
Nas fases da vida, chegar cedo demais, ou tarde demais, faz você perder a "cabeça", deixar de pensar, refletir, meditar, elaborar, e ainda pode sofrer as afecções de ter uma imagem sem história, sem símbolo, sem essência.
Alice resolveu embarcar na aventura, querendo entender de que Tempo aquele Coelho falava, qual era a História dele e com isso constituiu a sua própria História.
Bom, links e mais links na internet nos mostram Imagens do novo filme do Tim Burton, da antiga animação da Disney (que faz parte da vida de toda criança) e ainda da visão de vários artistas sobre esse personagem intrigante e instigante.
Diante do novo filme sabemos que:
1 - Vamos comparar com a animação da Disney;
2 - Vamos querer encontrar tudo que os livros do L. Carroll tinham;
3 - Vamos ficar afetados pelas loururas, diabruras, aberrações e alucinações que só o Tim Burton consegue nos proporcionar.
Sem dúvida, essa é a versão do século XXI, sem tantas ilusões de um mundo de fadas. Mas certamente uma marca importantíssima no encontro das nossas pulsões mais agressivas e amedrontadoras.
Tim Burton é o contador do nosso Tempo, ele pega aquilo que outrora prometia um mundo bom e justo e subverte para o mundo anímico de paixões e agressões, que hoje estamos proibidos de viver no devaneio, mas podemos atuar na vida real.
Ler "Alice" é embarcar numa divertida alucinação. É recomendado para os dias frios, quentes, úmidos ou secos. Mas, não deixe de viver essa mágica e fascinante experiência e certamente viverá inspirado pelo resto da vida, lembrando que bela aventura todos podemos fazer com nosso manancial interno e criativo.
É isso!
PS - e pra quem não lembra da marchinha tipicamente brasileira: "coelhinho, se eu fosse como tu... tirava a mão do bolso e enfiava a mão no... coelhinho.."hahahahah
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