Na semana passada, aconteceu a premiação do concurso 'doodle 4 google'. Meu marido Leandro era um dos jurados da competição entre crianças e adolescentes, que fizeram desenhos para as vinhetas do site. Outro jurado era o Ziraldo e num papo entre eles, Ziraldo conta que uma criança o tinha visto datilografando (que palavra antiga) e teria comentado: "nossa, que legal essa máquina, ela digita e imprime ao mesmo tempo". Ora, a criança via naquela máquina de escrever um aparelho bem moderno.
Mas essa breve narrativa me fez pensar nessa relação computador / máquina de escrever e numa possível analogia com a vida que pretendemos viver hoje.
Na máquina de escrever, sim você escreve e imprime ao mesmo tempo, mas o que se imprime além daquilo que se pretende dizer é o erro. O erro aparece na máquina de escrever, objeto antigo que hoje é pouco usado.
Nos computadores, é possível corrigir o erro, ocultá-lo de quem lê o impresso, mas também se oculta o erro de si mesmo. E aí que vem algo mais delicado, quando não percebemos o erro, quando ele é uma pequena e breve pedrinha no percurso, ele deixa de ter a importância que tinha, ou seja, indicar, ou imprimir, humanidade. Quem não erra é perfeito e é justamente isso que vemos diaramente, as pessoas buscando a perfeição para depois viver. É o momento perfeito, o corpo perfeito, o carro perfeito, a vida perfeita, tentando a todo custo afastar o humano do ser.
Interessante essa experiência vivida pela criança com o Ziraldo, pois na ambição de conseguir uma máquina de escrever moderna, talvez ela possa reencontrar a possibilidade de errar, coisa que hoje nem criança mais pode fazer.
Um comentário:
Muito bom! Concordo com tudo! Aliás, tenho uma sugestão de tema: a chupeta. É assunto do meu momento, estou num dilema, mas pelo meu ponto de vista psicanalítico ( se é que posso ter um! ) desaprovo o uso. Reprovo baseado no argumento de que o primeiro encontro do ser-humano com a impossibilidade de saciar o prazer é quando não está no seio da mãe. Me parece artificial e um mecanismo de engano quando lhe põem um pedaço de plástico na boca para saciar-lhe o desejo de sugar a mãe. Mas será que estou certa ? Ó dúvida cruel! O pior é que não posso compartilhar tais argumentos com quase ninguém, pq para a maioria parece óbvio que a criança fica mais calma com a chupeta e a mãe mais tranquila, claro! Mas não seríam esta mesmas mães que enquadram seus filhos no tal Dth ( déficit de atenção, é assim a sigla? ) e lhes dão no café da manhã um comprimidinho de Ritalina, Depakote e qualquer outro que deixe a todos bem "tranquilos". Si, me ajuda!!!! Beijos Mariana Castilhos
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