Vale a pena rever as fotos do verão passado.
Vale a pena ir na cantina comer um macarrão ao sugo dos deuses.
Vale a pena passar horas conversando com a melhor amiga quando a festa acaba.
Vale a pena ficar na praia a tarde toda.
Vale a pena correr alguns quilômetros no parque no domingo ensolarado.
Vale a pena escrever texto grande mesmo que ninguém leia.
Vale a pena, vale a pena, vale a pena.. afinal, que pena?
A expressão é entendida tomando pena como sacrifício, esforço, ou seja, algo ruim. Mas ela é geralmente usada em coisas boas, que nem envolvem tanto esforço assim. Pelo contrário, o que aparece tem o dom de deixar as coisas mais suaves, leves, ai sim, como uma pena.
A gente brinca com as palavras, muda de contexto, muda de sentido. Nas expressões populares, nesses ditos que usamos sem pensar, a gente carrega a palavra com aquele sentido fixo, articulada com as outras palavras da sentença, e nem sempre sabemos o que estamos dizendo. Que pena!
Valeu a pena escrever esse texto. Nesse caso, a caneta que escreve, a leveza que sinto, o esforço de pensar e colocar as coisas em palavra, o sacrifício em transformar sentimento em razão. Eu podia procurar mais, mas me basta isso aqui.
Esta é a clássica frase da redação da fuvest um ano antes do meu vestibular. Foi tão impactante que até hoje ela ressoa nos meus ouvidos e retumba no meu coração. E eu pensava: "Como escrever diante desse enigma de Fernando Pessoa? "
E no final da manhã de sábado, a frase que completa esse post, ouvida da musa Ana Figueiredo à respeito do filme '45 anos', de Andrew Haigh - "é bom vocês alargarem os seus cocares, os seus colares de penas, porque ela está feliz e ela não está feliz, ela está melancólica."
http://www.cafecomfilme.com.br/filmes/45-anos
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