sábado, 10 de dezembro de 2016

Vale a pena

Vale a pena rever as fotos do verão passado.
Vale a pena ir na cantina comer um macarrão ao sugo dos deuses.
Vale a pena passar horas conversando com a melhor amiga quando a festa acaba.
Vale a pena ficar na praia a tarde toda.
Vale a pena correr alguns quilômetros no parque no domingo ensolarado.
Vale a pena escrever texto grande mesmo que ninguém leia.
Vale a pena, vale a pena, vale a pena.. afinal, que pena?
A expressão é entendida tomando pena como sacrifício, esforço, ou seja, algo ruim. Mas ela é geralmente usada em coisas boas, que nem envolvem tanto esforço assim. Pelo contrário, o que aparece tem o dom de deixar as coisas mais suaves, leves, ai sim, como uma pena. 
A gente brinca com as palavras, muda de contexto, muda de sentido. Nas expressões populares, nesses ditos que usamos sem pensar, a gente carrega a palavra com aquele sentido fixo, articulada com as outras palavras da sentença, e nem sempre sabemos o que estamos dizendo. Que pena!
Valeu a pena escrever esse texto. Nesse caso, a caneta que escreve, a leveza que sinto, o esforço de pensar e colocar as coisas em palavra,  o sacrifício em transformar sentimento em razão. Eu podia procurar mais, mas me basta isso aqui. 

Esta é a clássica frase da redação da fuvest um ano antes do meu vestibular. Foi tão impactante que até hoje ela ressoa nos meus ouvidos e retumba no meu coração. E eu pensava:  "Como escrever diante desse enigma de Fernando Pessoa? "








E no final da manhã de sábado, a frase que completa esse post, ouvida da musa Ana Figueiredo à respeito do filme '45 anos', de Andrew Haigh - "é bom vocês alargarem os seus cocares, os seus colares de penas, porque ela está feliz e ela não está feliz, ela está melancólica."
http://www.cafecomfilme.com.br/filmes/45-anos 
 

terça-feira, 12 de abril de 2016

Psicanálise bites

Um psicanalista deve observar os jovens. É para lá que o mundo está indo.
Deve perceber do que sofrem os velhos. É lá que a moral se apega, nostálgica, medrosa diante da perspectiva do fim.
E também deve observar os adultos, máquinas da sociedade, que indicam o isolamento neurótico e narcísico em que se encontram, apostando no infinito da mecanização de seus atos.

sexta-feira, 18 de março de 2016

Astrologia, construindo o seu céu





NOVIDADES NO SEGUNDO SEMESTRE!!!

O Instituto Luz e eu faremos uma oficina de Astrologia.
Você, que adora o tema, mas 'não entende nada' dos astros, venha conhecer um pouco mais dos conceitos básicos e entender o funcionamento dessa linguagem riquíssima.
A proposta do curso é mostrar o simbolismo astrológico para leigos e experimentar algumas vivências e exercícios com os mapas pessoais.
Os encontros acontecem aos sábados. 
Informações e inscrições: http://www.institutoluz.com.br/
ou visite a página do Instituto no facebook: https://www.facebook.com/Instituto.luz/?fref=ts

A Astrologia é uma técnica que possibilita o autoconhecimento através das imagens do céu. 
Os antigos observavam a natureza tentando compreendê-la e dominá-la para poder se desenvolverem. A observação do céu, inicialmente através dos principais astros, Sol e Lua, possibilitou um grande conhecimento sobre os ciclos produtivos das culturas agrícolas (os melhores períodos para plantio e colheita, cuidados com tempestades ou intempéries climáticas inesperadas, etc.). Percebendo essas possibilidades, eles começaram a observar que as pessoas também estavam disponíveis a essas ‘influências celestes. Tanto o humor, como a sorte, ou ocorrências particulares das vidas pessoais e coletivas, também se manifestavam de acordo com o céu. 
Muito se desenvolveu na forma de transmissão desse conhecimento, pois era preciso encontrar formas de explicar isso para as pessoas, para que entendessem o simbolismo dessas ocorrências. O uso da mitologia foi fundamental, pois eram narrativas que traziam em si mesmas o que tudo o que estava em cima, no céu, significava aqui embaixo, na terra. Todos nós sabemos que uma boa história, fica na memória, principalmente quando ela é contada, repetida e tem um sentido pessoal. Assim se desenvolveu e se perpetuou a Astrologia. 
No passado, Astrologia e Astronomia faziam parte de um mesmo campo de estudo. Com o desenvolvimento de tecnologias e equipamentos para a observação do céu, essas duas faces do estudo celeste se separou e hoje, cada uma delas responde por aquilo que lhe concerne
Quando uma pessoa faz seu mapa astral, mais do que ter um adivinho na figura do astrólogo, tem um tradutor do céu, alguém que entende e interpreta o que aqueles símbolos dizem de cada um de nós. Justamente por isso, algumas informações são necessárias, pois o mais importante do mapa não é dizer quantos filhos você pode ter ou se algum ente querido pode morrer, mas principalmente como você vai se relacionar com os filhos que escolhe ter, e como lida com processos de perda, tais como a morte. Isso nos possibilita guiar melhor nossa vida, observar condições de dificuldade e como driblá-las, e ainda onde temos facilidades que geralmente nem notamos, justamente por não nos desafiarem ou preocuparem.
A Astrologia fala do nosso destino, dá um sentido à nossa jornada. Mas temos o livre-arbítrio, evidentemente. E ainda versa sobre como isso funciona, já que um mapa é um destino preestabelecido. Uma metáfora pode explicar bem isso: vamos tomar o sorvete, mas podemos escolher o sabor. No entanto, escolhemos o sabor de acordo com o que a sorveteria oferece, não adianta querer sorvete de tangerina se naquela sorveteria não tem. Se temos a possibilidade de ter acesso a outra sorveteria que tenha, muito bem, mas se esse sabor não existe, talvez tenhamos que nos contentar em escolher daquilo que é possível ao invés de passar a vida fantasiando ter o impossível. 


domingo, 21 de fevereiro de 2016

A morte nao escolhe, o vivo sim

A morte de Umberto Eco me fez pensar:" a morte não está escolhendo bem."
Em 2015, perdemos muitas figuras importantes no campo do pensamento e da cultura e isso é bastante desanimador, visto que eram significativas para o refletir sobre a contemporaneidade.
Realmente, num mundo em que as brigas políticas, por poder e dinheiro, tomam conta do tema principal dos nossos tempos, ver essas perdas nos assusta.
A morte não escolhe. Ela não faz justiça, apenas cumpre uma função. No entanto, os vivos, na ânsia de fazer justiça, usam a morte. A justiça, nesse caso, é sempre parcial e moral.
Umberto Eco chegou para mim através de um professor de Semiótica, ainda na faculdade. Era um personagem. Idoso, com uma vivacidade incrível. E muito inteligente Usava sempre a mesma roupa, calça jeans surrada e camisa xadrez. Após uma viagem de férias para visitar a filha na Itália, volta mudado. Tinha encontrado Umberto Eco, conversaram e ele decidiu agregar um estilo europeu aqui nas terras brasileiras. A partir daquele momento, usava terno e gravata em todas as aulas. Mas, como o que era singular nele não tinha mudado, apesar de ter sido tocado por um belo golpe do destino, o terno era o mesmo, em todas as aulas. Era urrado e numa cor pouco sofisticada ou elegante, era azul royal. 
Mas essa experiência me encantava: como era possível esse encontro presencial e fácil... ainda mais naquela época, estamos falando dos anos 90, em que o muro já tinha caído, mas as fronteiras ainda estavam de pé.
Mais do que o Araújo, outros professores com quem aprendi também viveram essa experiência. Conheceram um pensador, trocaram com ele, experimentaram aquele vivo que fez suas escolhas.
Se considerarmos as relações da natureza, morre aquilo que já cumpriu sua função na espécie a qual pertence. A morte significa uma perda e aquilo que perdemos vamos tentar achar algo para colocar no lugar. Mas, de fato, muito do que perdemos, é porque já não tinha mais importância.
E isso me leva a perceber que é exatamente isso que vivemos, um mundo em que a importância é outra, seja para os grandes dirigentes, seja para os anônimos.
Se estamos perdendo figuras importantes no campo intelectual, isso reflete nossa atenção ao campo do pensamento. Sim, uma minoria se importa, mas de fato é uma minoria.
A História mostra que a humanidade muda, se "desenvolve" (seja lá o que essa palavra significa), mas o que estamos salvando ou mantendo para o nosso futuro?
Manter vivos aqueles que importaram, usufruir do que deixaram como herança, é essa a possibilidade que temos de 'protestar', diante do que nos parece injusto.

 

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Conto porque conta.

O projeto ‘Conto porque conta!’ nasce da vontade de soltar o verbo, a caneta e a imaginação.
Eu e uma amiga, depois de dois anos estudando sobre as viscitudes da Escrita, decidimos experimentar, colocando num blog, uma vez por semana cada uma, o que a gente tem vontade de dizer. Mais do que publicarmos nossos aprendizados, tentaremos expor nossas inspirações.

Para saber mais, basta acessar: contoporqueconta.blogspot.com 



Arte: Katharine Morling