Fui convidada para uma live do @estilando.oficial, no instagram, e resolvi falar dos seis hábitos chamados ‘milagres da manhã’.
Esse
método, mais do que regras de conduta que garantam sucesso, serve como guia.
Vou abordar aspectos que auxiliam a perceber as pegadinhas, gatilhos,
sabotagens que atrapalham o resultado prometido. E mais, apontar aquilo pode
nos leva a entender para onde segue o nosso desejo, que nem sempre está de
acordo com as nossas supostas vontades.
O
americano Hal Elrod, escreveu esse livro, “Milagre da manhã”, depois da
experiência de ter sua vida falida. É possível encontrar nas livrarias, pdf na
internet e ainda audiobook. É fácil acessar. Se quiser acompanhar tudo o que
ele diz, é só recorrer a isso.
A
linguagem do livro é de caráter motivacional, insistindo na repetição de
exemplos e vozes de comando para que se acredite na fórmula mágica. Tirando essa
maquiagem, esse trabalho de disciplina, compromisso e esforço, permite muitos
resultados interessantes, tanto no campo subjetivo, nossas impressões, como no
campo objetivo, o que muda na nossa realidade prática.
É
interessante falar disso para as pessoas que estão com ideias ou planos e nem
sabem como colocar em ação.
Devemos lembrar que quando estamos ‘famintos’, em
um grau de necessidade maior, geralmente depositamos mais energia nas nossas
ações. É o momento do tudo ou nada. Mas, é justamente aí que mora uma
pegadinha, pois nenhum método foi feito para ser utilizado de forma imediata.
Ter uma metodologia para algo serve justamente para que isso se desenvolva num
longo período de tempo, com consistência e permanência.
Sou
psicanalista e lido diariamente com aquilo que escapa a tudo isso, ao bom
funcionamento dos métodos, e por isso trago ‘as pegadinhas’. Dentro da clínica, tenho a minha orientação
profissional e trabalho com ela. Fora da clínica tenho meus interesses pessoais
e temas que gosto de testar.
Muitas
vezes temos intenções, ou mesmo disciplina, mas não chegamos lá, por travas
inconscientes, geralmente. Porém, há alguns campos de conhecimento pautados em
atitudes mais objetivas que podemos experimentar. Tais como esse aqui, o dos
seis hábitos da manhã.
E
por que pela manhã? Claro que você pode fazer à noite, se for notívago, porém,
pela manhã, nosso corpo, e mente, estão descansados. Durante a noite, o corpo
se refaz dos desgastes do dia. E a mente, faz uma organização dos aprendizados,
vivências, impactos emocionais que sofreu. Os sonhos inclusive são parte desse
processo de elaboração das experiências do dia.
Se você acorda de manhã com preguiça, investigue seu dia anterior, o que
come, quanto você gasta de energia com tarefas físicas, como vai para a cama,
se usa demais equipamentos eletrônicos. Tudo isso influencia no sono e consequentemente
no despertar.
Os
orientais geralmente dizem que precisamos pensar bem, para falar bem, para agir
bem. E nesse sentido, o trabalho da mente deve passar por um processo de
conhecer seu funcionamento, descobrir dinâmicas e técnicas que auxiliem na
obtenção de resultados. Nossa mente comanda tudo, mas ela também mente. Ela
cria ilusões e distorções, nos colocando em armadilhas feitas por nós mesmos, tanto nos pensamentos / raciocínio, o aspecto lógico, como nos sentimentos / emoções /
impressões dos cinco sentidos do corpo, o aspecto estético, e ainda, no aspecto ético,
que tem a ver com as nossas ações, nossa moral e nossos ideais. Por isso,
seguir um método é fundamental para percebermos onde falhamos e como podemos
lidar com essas falhas.
Vamos
aos seis milagres da manhã.
O
método consiste em acordar antes do habitual (entre uma hora e uma hora e meia mais
cedo), executar as 6 atividades listadas abaixo e persistir. Todo bom método é
simples, direto, sem grandes desafios de entendimento. Além disso, ele também
não requer nenhum elemento muito especial, basta você e o ambiente onde
estiver. Quanto mais simples, maior a chance de praticar, independente de onde
esteja, colaborando para que não utilizemos as eventuais desculpas para
desistir.
1. Meditação
– 10 a 15 minutos
Silêncio,
foco, estabilidade, quietude, concentração. Tudo isso vem com a meditação. Há
inúmeras técnicas, e o interessante é experimentar até perceber qual funciona
melhor. Estudos são feitos há anos sobre os resultados obtidos com a meditação.
Neurocientistas conseguem apontar atividades cerebrais que indicam esses
efeitos. Porém, mais do que a constatação externa, o importante é saber como
isso vai funcionar para você. Sem dúvida, conseguir se ISOLAR DOS APELOS do
mundo externo nos dá ALÍVIO para podermos deixar nossa mente mais limpa, clara,
disponível para ver o mundo além do que acreditamos dever enxergar.
2. Afirmação – 5 minutos
Escreva suas afirmações (o que se quer, com clareza nos objetivos) e leia em voz alta diariamente
É
preciso atenção já nessa segunda tarefa, pois ela pode conter inúmeras
pegadinhas.
Ela
deve ser tratada como um sonho, um desejo. Não podemos colocar amarras, rédeas,
tentando conduzir que caminho isso deve tomar para chegar onde queremos.
Sonhar, desejar, é deixar que isso fique livre para encontrar um destino. O
elemento água pode nos ajudar a entender. A água flui. Sua natureza é
justamente essa, fluir. Ela não tem presa, ela apenas tem um curso a seguir. Se
há barreiras, limites, ela se acumula até conseguir ultrapassar esse
impedimento. A água não para definitivamente, ela para temporariamente.
Uma
pergunta aqui, que deve ser respondida mais com o coração do que com a cabeça,
é: você quer o que você deseja? Se há uma apreensão sobre isso, reflita mais.
No yoga, temos algo parecido, chama-se Sankalpa, que significa
resolução. É uma frase curta, concisa, clara e altamente evocativa. Positiva,
decidida, repetida 3 vezes, de forma plena e segura, logo após a meditação.
Use o tempo para desenvolver essa afirmação ou avaliar se a afirmação se escolheu realmente é pronunciada com segurança. Se ainda titubear, pense melhor no que quer.
3. Visualização – 5 minutos
Visualize e mentalize o que você quer.
A
visualização envolve a imaginação ativa, que funciona através de um processo
que inclui os sentidos corpóreos, como sentir, ouvir, cheirar, degustar e olhar
aquilo que se quer. Quando sonhamos, é como se estivéssemos vivendo aquela
realidade paralela. Aquelas imagens são verdadeiras, reveladoras do que se
passa na nossa mente e que nem mesmo nós sabemos que estão ali, são muito
pregnantes. Através disso que percebemos pelos sentidos, despertamos emoções,
que indicam se uma situação é boa ou ruim, prazerosa ou desagradável, segura ou
ameaçadora. Esses sentimentos devem ser incluídos, ou melhor, percebidos na
imaginação ativa. A concentração que é conquistada diariamente na meditação,
vai ajudar a notar o que se sente quando se vivencia alguma coisa.
A
imaginação ativa é diferente do devaneio, porque este leva à dispersão, não tem
foco e nem conscientização do que se está fazendo. É diferente da visualização.
Quais
as pegadinhas que a gente nem sabe que são limitadoras para a realização dos
nossos desejos?
Durante
esse processo, perceba para onde sua mente te leva, o julgamento crítico, que
voz fala com você internamente e o que ela te diz. Não recuse isso inicialmente, acolha isso mesmo que é você querendo ter uma atenção. Deixe que
isso flua para que você entenda onde e porque você se trava.
4. Exercícios físicos – 10 a 30 minutos
Se
você já tem o hábito de praticar atividades físicas em outros horários, opte
por algum tipo de alongamento ou asanas de yoga, algo para mexer o corpo. Caso
escolha fazer a atividade completa nesse horário, considere o período mais
longo do método e também o tempo do banho.
Mas
é muito importante saber que quando fazemos exercícios, especialmente
exercícios aeróbicos, exaustivos, em que nosso corpo depois de um tempo, passa
a focar no esforço, nossa mente fica livre produzir ideias, insights. Não deixe
de anotar, pensar nesses inputs que aparecem na sua consciência.
O
que acontece aqui é que corpo e mente são integrados e através do corpo nossa
mente quer buscar prazer e evitar desprazer. Então, se durante a prática essa
busca já está preenchida, alguns pensamentos que ficariam em segundo plano,
entram na consciência.
5. Leitura – 15 minutos
Geralmente
se pensa em ler algo que tenha a ver com aquilo que você deseja conquistar.
Mais regras, mais métodos, mais experiências de superação. Mas afinal, já vimos
antes, você quer o que você deseja? E mais, quanto pode uma leitura fora de um
tema especifico nos inspirar sobre aquela questão que buscamos solução?
Poemas,
romances, contos, a leitura de textos literários, com caráter ficcional ou
poético, provocam nossas emoções, despertam outros campos, diferentes do
raciocínio lógico.
As
respostas às nossas dúvidas nem sempre estão onde acreditamos que elas estejam.
É poder achar aquilo que nem sabíamos que procurávamos.
6. Escrever um diário – 5 a 10 minutos
A
escrita de um diário serve inicialmente para você ter um interlocutor exclusivo
para te dar ouvidos. Nem sempre as pessoas à nossa volta querem saber dos
nossos planos e questionamentos. E aqui, além de colocar em palavras, para que
qualquer um entenda - afinal, escrever é seguir regras gramaticais, usar
palavras adequadas - você vai dando corpo para o que quer. Assim você pode ver
como aquilo que parece claro na sua mente, nem sempre é tão claro assim.
É
muito comum que no começo do diário não se saiba o que escrever direito, nem o
que se deveria escrever ali. O texto geralmente vem cheio de dúvidas e
expectativas. Depois, ele vai se tornando mais subjetivo, com sentimentos em relação
ao que está fazendo, como está se sentindo no processo. Por fim, ele fica mais
focado e objetivo. Dali podem sair os planos para a realização de algo que
verdadeiramente você queira.
Escritores
e poetas carregam sempre seus cadernos de notas, desenhistas vivem com seus
sketchbooks, artistas em geral utilizam esse método, pois colocam ali tudo que
os inspira, mesmo que aparentemente sem ter a ver com algo que estejam criando.
Fica anotado, registrado. E o diário, na adolescência, é um meio de atravessar
um período onde nos sentimos sozinhos, ou queremos colocar nossos melhores
segredos. E nesse processo, é nosso espaço de registro, garantindo que uma
história vá sendo contada.
Mais
do que criar pastas no pinterest, adicionar páginas aos favoritos do seu
navegador, o diário coloca o seu corpo ali no caderninho. É você ali, com o
esforço de escrever, pensar, registrar. Colocar o corpo em ato é a forma de
realizar algo.
Isso
tudo, no final, parece mesmo um milagre.
MILAGRE
substantivo masculino
- 1.ato ou acontecimento fora do comum, inexplicável pelas leis naturais."milagres da Virgem"
- 2.acontecimento formidável, estupendo."m. da medicina"
- 3.evento que provoca surpresa e admiração."é um m. que tenha passado no concurso"
- 4.história do teatrotipo de drama medieval edificante, baseado na vida dos santos e seus milagres.
- 5.religiãoqualquer indicação da participação divina na vida humana.
- 6.religiãoindício dessa participação, que se revela esp. por uma alteração súbita e fora do comum das leis da natureza.
- 7.brasileirismo•Brasilobjeto de madeira ou cera, freq. a reprodução de uma parte do corpo, oferecido aos santos em cumprimento de uma promessa.
- 8.brasileirismo•Brasilrepresentação pictórica legendada do fato que originou a promessa, oferecida aos santos como pagamento de seu cumprimento.
Origem
⊙ ETIM lat. miracŭlum,i 'prodígio, maravilha, coisa prodigiosa, extraordinária'
"Que o teu orgulho e objetivo consistam em pôr no teu trabalho algo que se assemelhe a um milagre."
Leonardo da Vinci
"No desespero e no perigo, as pessoas aprendem a acreditar no milagre. De outra forma não sobreviveriam." - Erich Remarque
"Há duas formas para viver a sua vida. Uma é acreditar que não existe
milagre. A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre." - Albert Einstein
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